“Está é a invenção tecnológica final do homem!” foi o que
muitos disseram. Inclusive Paulo. Este, na verdade, já tinha praticamente a
vida perfeita: um emprego vitalício, uma das milhares de casas desenvolvidas
igualmente pelo governo para a população da cidade e toda a segurança que
necessitava. Poderia se sentir sozinho se vivesse no século passado, pois não
tinha esposa nem filhos e apenas parentes distantes, mas não nos tempos
modernos. Afinal, ele tinha todo o entretenimento possível disponível na sua
Sala Interativa, seu cômodo preferido da casa. Lá teria todos os tipos de
jogos, filmes e diversões virtuais.
quinta-feira, 26 de março de 2015
segunda-feira, 16 de março de 2015
Vida Perfeita
Um homem estava em queda livre: havia pulado de um prédio de
cinqüenta andares. Só não sabia a causa. Enquanto pensava no porque de estar
ali, as nuvens se afastavam e o asfalto se aproximava. Ficou desesperado,
fechou os olhos e esperou que não sentisse a dor.
Não sentiu. Quanto abriu os olhos ainda estava na mesma
poltrona que havia sentado há uma hora. Olhou pela janela, viu que o ônibus
ainda não
havia chegado. Tentou tirar mais um cochilo antes de chegar ao trabalho,
mas o sono não veio. Não que estivesse totalmente descansado, pelo contrário,
ele acordava muito cedo para ir trabalhar – antes mesmo que sua esposa ou filho
–, chegava muito tarde e exausto, ainda tinha que dar atenção aos dois. Além
disso, havia aquele maldito engarrafamento. Achava que já havia perdido mais
tempo no trânsito do que na
igreja.
domingo, 1 de março de 2015
Um Beijo
O nosso personagem estava andando apressadamente, não queria
perder o ônibus. Estava escurecendo, uma pena não poder ver o pôr-do-sol por
causa dos prédios. Também estava esfriando, por isso colocou suas mãos no
bolso. Seus pensamentos viajavam entre as contas para pagar e as despesas do
lar. Sua filha só nasceria daqui dois meses e já estava preocupado com o futuro
que poderia dar a ela.
Tinha certa inveja da esposa, ela sempre dizia “fique calmo,
Deus irá nos ajudar”. “Como ela poderia ter tanta certeza?”, ele pensava. As
cicatrizes que recebeu da vida não o deixavam acreditar num protetor
onipotente. “Se Deus existisse, não deixaria meu pai numa cama por oito anos”,
era o que sempre lhe vinha à mente.
Foi em uma das vielas, após atravessar a praça, que
despertou do mundo dos pensamentos e sentiu estar sendo seguido. Olhou para
trás: dois jovens, a alguns passos de distância. “Esses pivetes! Por que não
vão fazer algo ao invés de roubar de trabalhadores honestos?”. Não havia mais
ninguém na rua, então apertou o passo.
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