quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Vida escrita

Sentado escrevo
Sobre lutas, dores e glórias.
Aqui permaneço
Na indiferença, descaso e desânimo.

Mundos fantásticos
Criados, destruídos e recriados no papel.
Realidade deturpada
Ignoro os campos verdes, os prédios cinza e o céu estrelado.

Aqui espero
Minha vida passar, a velhice chegar e o tempo se esgotar.
Sem ter
Minhas lutas, dores e glórias.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Música dos ignorantes

Fecho os olhos para não ver a ferida.
Tampo os ouvidos para não ouvir os gritos.
Ignoro o perfume das rosas podres.
Cantarolo o hino, alienado ao destino.

Enquanto o sangue escorre,
O desespero explode
E as flores morrem,
A música continua...

domingo, 12 de outubro de 2014

Origem do pensar

Que lunático
Imerso em sua própria sanidade
Admitiria loucura?

Sou o único que vê do meu jeito.
Que angustia não saber se vejo a realidade.
Pior saber que não há verdades absolutas.

Vivendo no meu próprio universo.
Sem saber a origem dos pensamentos.
E curioso:
Querendo saber o que há no universo dos outros...

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

História, nossa história

O nome dos personagens mudam,
a história não muda.
De clero e nobreza à classe alta.
De Terceiro Estado à classe média-baixa.
De monarquia à pseudo-democracia.
De pão e circo à bolsa-família e futebol.
Antagonistas do futuro,
governam no escuro.
Enquanto nós, burros
Esperamos uma luz.
O nome dos personagens mudam,
mas nada muda.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Meu jardim

Em meio às cinzas também há rosas.
Em meio aos fétidos rosais também há doces odores.
Em meio às doçuras também há amarguras.
Em meio aos sabores também há dores.
Em meio às dores também há êxtase.
Em meio aos sentimentos...
Ah! Existem as minhas cinzas.

sábado, 4 de outubro de 2014

Escritas perdidas

Mentia tão bem que transformou o ato em profissão.
Virou escritor.
Escreveu sobre o amor que não sentiu.
Sangrou com dores que não o machucaram.
Criou pessoas que não existiam.

Para apenas ver que viveu a vida de outrem.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Prisioneira da Caverna

Sentia o ar úmido e lúgubre que entrava em seus pulmões. Assistia as sombras contarem estórias naquela tão familiar parede. Mas não via como há uma hora ou como ontem, não via igual viu sua vida inteira. Observava o teatro com desinteresse, tédio.
Exceto pela fogueira, o ambiente era escuro e ela não podia enxergar além das cotidianas sombras. Estas se diziam suas amigas, brincavam e, por muito tempo, colocaram um sorriso tonto no rosto da garota. Porém, não mais.